Ilustração: Alba Prieto.
Publicado originalmente no site El País Brasil, em 19 SET 2017
Os quatro truques para melhorar a sua memória
Repita, associe, vincule emoções e brinque com a novidade
Por Pilar Jericó.
Imagine que você pode memorizar as cartas de um baralho
colocadas aleatoriamente em noventa segundos, ou uma sequência de mais de cem
dígitos em menos de cinco minutos. Impossível? Não. Chester Santos foi capaz de
fazer isso, o que fez com que, com outras provas, ele se transformasse no
campeão de memória nos Estados Unidos há alguns anos. E o que tornou isso
possível foi o treinamento, algo que todos em maior ou menor medida podemos
fazer para lembrar melhor das coisas, segundo Wendy Suzuki, diretora do
laboratório de pesquisa de Nova York. Vejamos como conseguir isso em quatro
passos fáceis.
O primeiro passo simples para melhorar a memória é a
repetição. É certo que você tem a experiência de lembrar facilmente um
movimento de dança, de um esporte ou de direção quando o repetiu uma infinidade
de vezes. O motivo é químico. Criamos um novo hábito, ou seja, um novo
cabeamento neuronal, que atua inconscientemente. Por isso não é de estranhar
que sem que você se dê conta tenha ido para o trabalho de carro quando
realmente queria ir para outro lugar. Não é que você esteja obcecado, mas que a
repetição provoca um novo sulco na memória que te arma pegadinhas. Por isso, se
você quer aprender algo novo o primeiro ponto é repetir, repetir e ter muita
paciência.
Outro passo para recordar coisas novas é a associação.
Segundo a palestra TED de Chester Santos, este é seu truque quando memoriza uma
lista de nomes como, por exemplo, macaco, pesos, casas... em vez de se fixar na
palavra, crie uma história que ajude a lembrar dela, como "o macaco está
levantando pesos em uma casa....". A associação pode ser usada no seu dia
a dia de muitas outras maneiras, como na hora de se lembrar dos nomes de
pessoas que você acaba de conhecer, algo que, aliás, costumamos esquecer com
facilidade, segundo demonstrou a ciência (uma boa explicação para não nos
sentirmos mal com nós mesmos). Por isso, o truque é associar cada nome a uma
pessoa que você já conhece. Desse modo, quando for apresentado a Juan, por
exemplo, evoque um amigo que também tenha esse nome. Se você aplicar esse
pequeno truque, muito possivelmente será mais simples recordar o nome dele.
A ressonância emocional é outra das aderências da memória. É
certo que você se lembrará do que estava fazendo quando soube do 11 de Setembro
ou quando recebeu uma notícia surpreendente, ou um momento que foi muitíssimo
prazeroso. O motivo é a amígdala, a zona emocional do cérebro que tem a
qualidade de registrar sensações intensas. Por isso, tudo aquilo que você viveu
com intensidade emocional será mais fácil de memorizar, como uma matéria de que
você gostava muito na escola ou a visita feita a algum lugar que te fascinou.
Assim, na medida em que algo te agrade, incluirás emoções e será mais fácil
memorizar.
E, por fim, o quarto truque é a novidade. O novo atrai nosso
cérebro e o faz recordar. Isto se deve também à ressonância emocional que nos
desperta. Por isso, é mais fácil lembrar os nomes anteriores do exemplo do
macaco, pesos, casas, etc, se a história que você construir for surpreendente
ou sem pé nem cabeça. Um macaco levantando pesos não é muito comum, sem dúvida.
Poderíamos dizer que nosso cérebro gosta de se divertir um pouco. Por isso, se
você utiliza também a imaginação e a criatividade na hora de escrever as coisas
que não quer que sejam esquecidas, será mais fácil para a sua memória. É mais
fácil para a memória recordar palavras decoradas ou pintadas artisticamente do
que recolhidas em um documento de Excel.
Definitivamente, a maior parte dos mortais deseja ter uma
memória melhor. Como dizem os especialistas e os cientistas, ela pode ser
treinada se formos capazes de repetir o que é novo, de associá-lo a conceitos
que já conhecemos, de vinculá-la a emoções e de brincar com a novidade.
Texto e imagem reproduzidos do site: brasil.elpais.com
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